Elis Pinheiro
DANÇA DO VENTRE
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A Busca Pela Força Abdominal... Na Vida e na Dança!

30/10/2014

12 Comments

 
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Senta-se numa cadeira
Levantar um peso do chão 
Olhar para trás, sobre os ombros
Permanecer em pé 
Calçar um sapato

Para qual dessas simples ações do cotidiano você diria que o uso da força abdominal está envolvido?

 Se eu disser que para TODAS elas nós precisamos daforça  abdominal, podemos ter a dimensão da importância da saúde e consciência do uso da força do abdômen para nossa qualidade de vida.
Agora se pensarmos numa dança que utiliza a bacia como centro de referência para quase a totalidade de sua movimentação, temos a dimensão do quanto a força abdominal tem interferência direta na qualidade dos movimentos dessa dança, certo?

Pois bem, é sobre isso mesmo que venho falar hoje: força
 e contração abdominais na Dança do Ventre.

Quem conhece o meu trabalho como professora mais de perto, sabe que a contração do abdômem aplicada às técnicas da Dança do Ventre, é uma das minhas máximas. Em primeiríssimo lugar por conta da saúde  (principalmente da coluna lombar, articulação do quadril e joelhos), mas também pela qualidade da definição dos movimentos como um todo.

Felizmente, observo que nos últimos anos, com o grande número de praticantes de Pilates e Yoga, muitas alunas conseguem fazer essa transposição do uso da força do abdômem para a prática da Dança do Ventre. Porém ainda é um território que gera muita dúvida. Aos longo desses mais de 13 anos em que dou aulas, vejo o quanto a desconexão com a força do abdômem é uma questão presente nos palcos e na sala de aula, desde o Iniciante até o Profissional.

As dúvidas em torno desse tema não são uma exclusividade das mulheres que estão fora de forma, com sobrepeso, sedentárias ou que nunca tenham praticado dança. É comum alunas que praticam outras atividades corporais, com corpos tonificados e flexíveis, ou ainda com longo histórico de aprendizado de diferentes estilos de dança, que não conseguem fazer a relação da presença e consciência da força abdominal com a movimentação da Dança do Ventre. Então, como estabelecer essa ligação?


Bailarinas que sabem se utilizar da contração abdominal, de uma maneira geral:
- Tem uma melhor postura
- Maior isolamento do movimentos
- Mais elegância e leveza no tronco e braços 
- Maior conexão com a pressão e trabalho dos pés
- Sabem estabelecer diferença na execução de movimentos alongados e contraídos
- Capacidade de equilíbrio mesmo em situações de meia-ponta, giros e grandes deslocamentos
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Bailarinas em desconexão com a contração abdominal, em geral:
- Tem problemas associados à postura e equívocos nas tentativas de corrigí-la
- Movimentação em bloco (sem dissociação entre bacia e tronco)
- Incapacidade de execução de movimentação sutil a partir da bacia
- Extremos no sistema de organização dos braços e tronco: ou muito rígidos ou absolutamente sem sustenção
- Trazem problemas na relação com os pés (distância, ângulo) e na sua qualidade de pressão (muito brutos ou sem firmeza)
- Tem sérias questões envolvendo equilíbrio, mudança de direção no espaço ou nos deslocamentos
- Podem mostrar esforço demasiado na relação com os braços, ombros epescoço 


Em primeiro lugar, identifico uma dificuldade em entender "como fazer a força", e "no como aplicar a força". E por isso elenco a seguir alguns dos equívocos mais comuns, e algumas dicas para tentar elucidar o tema.

  • Na tentativa de contrair o abdômem, a aluna encolhe a barriga, o que interfere diretamente na dinâmica da respiração. Olhe-se no espelho quando encolher a barriga. É possível ver um ponto central logo abaixo das costelas se retraindo. Pois bem. Isso acontece porque ao fazer esse movimento, interferimos também na movimentação do diafragma. A contração do abdômem deve partir do baixo ventre (toque seu abdômem logo acima do osso púbis, e tente perceber se consegue estabelecer contração desde esse ponto), ancorando a força do seu abdômem como um todo.
  • Na tentativa de contrair o abdômem, a aluna também contrai os glúteos e os esfíncters. Os glúteos  contraídos sem consciência "brecam" os movimentos da bacia, mantendo-os próximos ao centro, o que dificulta os movimentos com ênfase no alongamento (como os "oitos" e as ondulações). A contração  dos glúteos é um excelente recurso para movimentos "secos", rápidos e marcados, mas não para alongados, arredondados e fluidos.
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  • Confundir encaixe do quadril com contração abdominal. O encaixe é uma angulação da pelve (quando aproximamos a distância do osso púbis do umbigo), que atenua ou retifica a curvatura da lombar. A contração abdominal não é uma ação que necessariamente mudará o ângulo do posicionamento da bacia.

Como podemos observar com as figuras acima e ao lado, existem três possibilidades para a posição da bacia: 
1) Encaixe, 2) Desencaixe e 3) Neutra

Para as alunas que tem a bacia desencaixada (Posição 2) ou tendendo ao desencaixe na maior parte do tempo (hiperlordótica, numa curvatura mais acentuada da coluna lombar), terão sim de fazer a contração com leve encaixe, 
para assim trazer a bacia para uma posição neutra, inicial.
Mas para aquelas que não estão com a bacia em hiperlordose, mas apenas com a musculatura da barriga excessivamente relaxada, terão apenas de contrair o abdômem, sem no entanto mudar o ângulo da bacia (Posição 3).
E existirão ainda aquelas alunas que tem a posição da bacia já demasiadamente encaixada (Posição 1), e que assim terão de desencaixar levemente (mantendo a contração abdominal), para somente então chegar na posição neutra, inicial (Posição 3).


Cada caso é um caso! Você tem de descobrir qual é o seu, para fazer a correção adequada.


E atenção professoras: quadril encaixado é uma posicao de pouquíssima mobilidade da bacia. Cuidado com esse orientação genérica para que todas as alunas "encaixem" o quadril.

A prática da Dança do Ventre não necessariamente trabalhara a força do abdômem. Conheço alunas que fizeram anos e anos de aula sem jamais terem sido corretamente chamadas atenção para esse centro de força. Assim, se essa capacidade não foi inerente ao seu aprendizado, ou intuitivamente não  foi desenvolvida, ela precisa ser trabalhada de forma consciente, e fazer parte do treinamento da Dança.

É como se a aluna fosse "reaprender" a executar todo o vocabulário da Dança do Ventre, tendo como princípio a contração e o estado de presença da musculatura abdominal em sua execução.

Dessa forma, por mais complicado que seja passar esse tipo de informação por escrito, vou me esforçar com algumas dicas e pontos chaves que podem auxiliar alunas e professoras no que diz respeito a esse tema:

- Como ja dito em outro post: "Quem é bailarina, é bailarina 24 horas por dia."
Não importa se o seu envolvimento com a dança é no nível profissional ou apenas como hobby. O envolvimento COM O SEU CORPO é uma relação para o resto da vida.
Fique atenta à sua contração abdominal durante todo o dia, e não somente na sala de aula ou no palco. Perceba se você não solta o abdômem jogando toda a pressão sobre a lombar, ou se você não joga todo o peso sobre uma articulação do quadril, fazendo grande pressão de um trocânter sobre os ligamentos (lugar do culote), ou se ainda você não hiper extende os joelhos e projeta a bacia pra frente. Enfim... como anda a sua força abdominal no dia-a-dia? Não preste atenção ao seu corpo somente na hora da aula de dança, de ginástica, de musculação.

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- Nas aulas ou nos seus estudos, fique atenta ao desenho da sua cintura. Você consegue ver a distância  entre a crista ilíaca (vide imagens) e o gradeado das costelas em dinâmicas de alongamento e contração?
Alunas com adequada conexão com a força do abdômem, conseguem alongar e contrair movimentos na região da cintura com tranquilidade (como acontece num "8 para cima", por exemplo). 

Alunas com a falta dessa conexão tendem a sentir dificuldade de isolar o tronco e assim ter consciência clara da região da cintura para conseguir alongá-la. Os movimentos assim ficam "expremidos" (no caso de um "8 para cima", a aluna não alonga o movimento na lateral antes de subir o quadril. A falta desse alongamento deixa o 8 pequeno, "expremido", e com grande dificuldade de execução em velocidade lenta).
- Como você se sente depois da aula, do workshop? 
Dores na costas, nas articulações do quadril, joelhos e até mesmo nos ombros e pescoço podem ser indicadores de que partes indesejadas do corpo trabalharam sem sua consciência. Costumo falar para as alunas que ao perceber um ponto de desconforto no corpo, tente se ligar imediatamente na força abdominal. O momento em que subimos os ombro, endurecemos o pescoço ou travamos o joelho, geralmente é o momento em que também nos desconectamos da força do abdômem. Fique atenta!

Podemos pensar que o abdômem é o elo de conexão entre a bacia e membros infiriores com o tronco e os membros superiores. Quanto mais fortificado, alongado, saudável e consciente estiver esse elo, teremos um excelente fluxo de energia de movimento entre essas estrutura. E falando especiaficamente da Dança do Ventre, sabemos o quanto a qualidade dessa fluência é importante para uma dança livre mas ao mesmo tempo em controle.

A pretensão desse post não é solucionar esse problema, mesmo porque a linguagem escrita tem infinitas limtações quando o assunto é a vivência do corpo e o aprendizado sobre ele. Mas sinceramente espero que alguns dos pontos levantados sirvam como dicas para quem está nessa busca. E para aquelas que ainda estão sendo apresentadas a esse tema, que esse texto possa servir como "uma pulga atrás  da orelha", incitando a pesquisar, buscar, procurar, perguntar.

Que assim seja!

Um beijo grande,

Elis
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12 Comments
Adriana de la Rosa
30/10/2014 11:35:11 am

Olá Elis,

Excelente seu texto, gosto quando você atenta para estarmos sempre em atenção com nosso corpo e suas conexões, não apenas durante as práticas de dança/outras, mas em uma constante na vida.
Inclusive durante o sono, é um desafio para mim estar atenta ao corpo para que não o esteja machucando ao deitar-me com posturas inadequadas.

Beijos.

Reply
Elis Pinheiro
30/10/2014 11:38:53 am

Pois e Adriana,
Nos somos os unicos animais que nao sabemos posicoes corretas se quer pra dormir... que loucura!
Temos de estar atentas!
Bj grande
;)

Reply
Chahd Nasri
30/10/2014 11:53:49 am

Elis
Muito obrigada por publicar um conteúdo tão rico .

Reply
Débora
30/10/2014 03:12:15 pm

Olá Elis, seu post é elucidativo e realmente deixar "uma pulga atrás da orelha".Como estudante da dança sempre me pego corrigindo nesses aspectos de postura devido eu ter uma hiperlordose...Como é difícil corrigir isso, é quando corrigido como faz diferença no nosso cotidiano. E esse post é aquele luizinha de alerta para não descuidamos principalmente de nossa saúde. Que vc seja sempre iluminada, nos passando seu conhecimento. Grande abraço. Débora Faizah! !

Reply
Denise Angel link
31/10/2014 04:40:21 am

Adorei Elis,
Muitas vezes pensamos e estudamos pensando nisso, mas quando vamos dançar poucas vezes conseguimos lembrar do abdomen... otimo conteudo!
Bjos

Reply
Leonor Rocha
1/11/2014 10:16:36 am

Excelente conteúdo!

Reply
Patrícia Gomes link
2/11/2014 07:21:39 am

Comecei a praticar Pilates juntamente com a DV, por pura coincidência. Depois, por falta de tempo, parei o Pilates e retornei agora. Tudo o que você disse sobre a necessidade do trabalho abdominal estou percebendo agora. Na dança não trabalho nada nada dessa região, mas desde que retomei o Pilates percebi mudanças em minha postura, maior atenção aos membros que estou movimentando, menos esforço para realizar os movimentos. Conversei com a fisioterapeuta, expliquei que sofro de hiper lordose, que danço (há um ano) e sinto dificuldade de dissociação dos membros e de concentração então as sessões são voltadas especificamente para essas demandas.
Parabéns por tratar do assunto de forma tão esclarecedora, segura e muito mais do que "uma pulga atrás da orelha" :-)

Reply
Lívia Carine
3/11/2014 04:04:21 pm

Esse post me lembrou meu primeiro workshop com você e, claro, todos os outros porque você sempre fala disso. Mas o primeiro era sobre braços e eu nunca ia imaginar que a força do abdômen interferiria de algum modo na leveza dos braços, foi a primeira informação mais bombástica que tive na dança do ventre e nunca ninguém falou isso até hoje em nenhuma aula que fiz.
E volta e meia, apesar de saber fazer a força, eu não a faço. Mas quando faço, os movimentos saem muuuuito melhores.

Reply
Miriam
12/1/2015 09:29:25 am

Como sempre, um excelente texto! Descobri que preciso treinar e reeducar minha contração do abdômen.

A minha professora diz para encaixar o quadril sempre. Agora entendo porque eu sinto dificuldade em executar alguns movimentos com o quadril encaixado.

Obrigada pelas dicas!

Reply
Francielly
25/6/2015 07:13:19 am

Elis, ando sentindo dores na lombar e acho que lesionei os joelhos por dança mal executada.... devemos nos avaliar dançando, o ruim é que sem um profissional não sabemos qual realmente é a postura correta ;(

Reply
Erika
25/6/2015 09:46:12 am

Olá Elis, muito bom seu texto com linguagem clara e esclarecedora. Fico feliz, como profissional de Educação Física, em encontrar textos e conhecimentos de qualidade na área de dança do ventre.
Faço a dança há 4 anos e agora estou me atentando a contração abdominal, esse texto veio no mento exato pra mim. Obrigada por compartilhar seu conhecimento e experiência.

Reply
Grisiela Gomes
25/6/2015 11:03:32 am

Parabéns Elis, conteúdo riquíssimo em informações claras e objetivas, atitudes simples que entram em desuso muitas vezes por falta de atenção ou de informação. Obrigada por compartilhar conosco!

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