Mas como atingir isso?
Como a maioria já deve imaginar, a resposta não é simples. É composta por uma série de variáveis, que incluem anatomia, qualidade de treino/estudo e as questões alongamento X tensão.
E dentre esse imenso universo de possibilidades, hoje vou focar num tópico de suma importância para nos belly dancers: a articulação coxo-femural.
"A articulação coxo-femural é formada pela cabeça do fêmur, que roda dentro do acetábulo formado pelos assos da bacia. A cabeça do fêmur e acetábulo são recobertas por uma camada de cartilagem." (SETTINERI, Luiz Irineu Cibilis - Biomecânica - Noções Gerais - Editora Atheneu - 1998)
Mas no que exatamente saber a respeito da coxo-femural pode influenciar na soltura do meu quadril?
Essa articulação não só é responsável pela ligação entre os membros inferiores com a cintura pélvica, como é peça chave para a marcha (caminhada).
No atual estilo de vida que levamos, acabamos estruturando essa articulaçãonão exatamente da forma mais adequada. Você se lembra de quando você era criança, como era fácil ficar de cócoras? Ou você já observou os povos indígenas preparando alimentos, ou o "caboclo" nas roças de inúmeros locais do mundo fazendo suas atividades diárias, por horas a fio, em posição de cócoras?
Pois bem, essa e uma posição natural para nós seres humanos (por mais que muitos denós hoje em dia pensemos o contrário). Essa é a posição que por cerca de 6 semanas todos nós permanecemos dentro do útero de nossas mães. Éa posição que originalmente todos nós (e ainda em muitas culturas) utilizávamos para defecar, que muitas mães pariam seus filhos e que muitos trabalhadores adotavam para a sua rotina.

Uma vida calçando sapatos e nos sentando 8 horas por dia (no mínimo) em posição 90 graus "engessa" nossa bacia e nossa liberdade de movimento. Aliado a isso ainda temos o sedentarismo, maus hábitos alimentares e posturais para finalzar o "pacote para um corpo sem movimento".
Aí você chega na aula de Dança do Ventre e quer ter um quadril soltinho com apenas 1h e 30min de prática semanais!!!!! ... Oi???
Brincadeiras à parte, mas a reflexão tem de ser bem por aí.. Como conciliar as limitações para o movimento que são impostas pelo nosso estilo de vida e trabalho, com nossas aspirações na dança?
Como supor que os tremidos, ondulações, twistes ou mesmo um "simples" básico egípcio possa acontecer de forma leve, sendo que muitas vezes passamos o dia inteiro com a coxo-femural "morta" sentada numa cadeira. Como essa parte do corpo terá mobilidade para realizar um movimento específico de dança, considerando que se quer os movimentos relativos à flexão e extensão basicos presentes numa rotina de vida saudável (caminhar, agachar, deitar, sentar no chão, manter-se ativo) essa mesma parte do corpo muito pouco e executa?

Sendo assim...
Será que dá para introduzir alguns minutos de cócoras no seu alongamento antes da aula de dança do ventre? Será que dá para treinar alguns agachamentos de vez em quando para avaliar como esta a sua força abdominal e flexibilidade de articulações?
Essas são medidas que, com certeza, trarão benefícios para uma cintura pélvica mais saudável. Mas talvez tenhamos de partir de mudanças de atitude ainda mais simples no nosso dia-a-dia.
Quem sabe andar mais descalço nos dias de folga, sentar-se mais no chão e usar um pouco menos de salto alto?
Vamos tentar? A mudança de fato só parte da tomada de consciência. Enquanto "a ficha não cair" sobre o quão robóticos estamos nos tornando, mais e mais distantes do quadril da Fifi Abdo estaremos.
Um forte abraço (de cócoras)
Elis