
Com o passar do tempo, mais técnicas e possibilidades foram surgindo, as maneiras de ensiná-los se transformaram e se desenvolveram e, apesar de toda a falta de informação que ainda identificamos em relação a muitos assuntos referentes ao ensino e prática da Dança do Ventre, hoje parece ser óbvio para a grande maioria das alunas que para tremer não basta imitar ou tentar conseguir o movimento a qualquer custo. Para um tremido de boa qualidade é necessário o conhecimento de ferramentas técnicas, auto-observação e treino disciplinado.
Nesse post de hoje quero compartilhar um pouco da minha experiência pessoal em relação ao estudo desse tópico, que sempre gera tanta dúvida, ansiedade e impaciência em muitas de nós.
Desde que me mudei para a Inglaterra em 2011, me deparei com muitas mudanças que interferiram diretamente sobre meu corpo. Dentre elas:
- mudança climática
- uma rotina de trabalho absolutamente diferente da que eu tinha no Brasil (principalmente no primeiro ano, quando ainda estava me inserindo no mercado, e consequentemente trabalhando bem menos)
- cotidiano diferente (morando em São Paulo, fazia tudo absolutamente a pé, de metrô. Já morando no interior da Inglaterra, tenho de usar o carro para qualquer deslocamento, ou seja, sou bem menos ativa, fisicamente, no meu dia-a-dia).
Essas mudanças, somadas ainda à outros fatores (alimentação, novas atividades, rotina diferente de sono e horário de dormir), provocaram mudanças drásticas no meu corpo. E essas transformações foram sensíveis também na minha dança.
Aliada à todas essas transformações, tive de me adaptar a um novo espaço físico para estudar. Sem ter meu próprio estúdio ou sala de aula, tive de adequar minha rotina de treino ao espaço minúsculo do meu apartamento.
Todos esses fatores (que nos primeiros meses me assustaram e me deixaram insegura em relação ao meu desenvolvimento técnico) acabaram convergindo para a pesquisa pessoal de técnica de quadril aliada à leitura musical que venho desenvolvendo nos últimos dois anos.
Dentre os vários meandros do assunto "Técnica de Quadril", falando especificamente dos tremidos/shimmies, tudo se transformou pra mim ultimamente. Todos os fatores elencados acima, somados ao amadurecimento na dança e na idade me trouxeram uma nova percepcão a respeito do tema.
Hoje me sinto mais consciente das minhas limitações e potencialidades. Mais tranquila para identificar minhas tensões, "válvulas de escape" e partes específicas do corpo que demandam maior cuidado e atenção. Sinto que abri espaço para a percepcão e entendimento das estruturas que podem/devem de fato tremer.
Sendo assim, não venho hoje falar sobre uma técnica específica de tremido, mas sim apenas compartilhar algumas dicas que surgiram desse meu processo de auto-observação que, quem sabe, possam trazer "uma luz" para aquelas que estão também nessa caminhada.
- Ao estudar tremidos, alterne a dinâmica dos exercícios.
Uma maneira de evitar essas tensões, e mudar a dinâmica entre o tremido que normalmente te provoca tensão, com algum outro movimento em que você sinta seu corpo mais relaxado e natural.
Assim você equilibra a energia de movimento, e gradativamente conseguirá introduzir mais tremidos (que inicialmente te deixam muito tensa), de forma mais natural na sua prática.
- Não trema a qualquer custo!
Lembre-se: Potência nao e nada sem controle! Muito melhor ter um tremido mais "timido", porém mais elegante e em sintonia com o restante da movimentação do corpo, do que um tremido forte e grande em um corpo todo em reverberação, sem controle.
- Estude tremidos em músicas mais calmas.
Sendo assim, escolha músicas que favorecam o seu nível de concentração e energia. Quando estiver mais segura na técnica, aí sim pode se desafiar com músicas mais rápidas e de grande energia
- Pés conscientes = tremido de qualidade
Se a base para os seus movimentos (os pés) não esta bem alicercada, como e que os tremidos podem sair direito? Consciência e qualidade no apoio dos pés representam meio caminho andado para tremidos de boa qualidade. Fique atenta!
- Não compare seu tremido.
Mas como já abordado em outros posts anteriormente, acredito que cada corpo é um universo particular, com suas singularidades. Assim, copiar movimentos não é uma boaidéia para o corpo de ninguém.
Cada mulher tem uma estrutura própria de ossos de quadril, um tamanho, organização e rigidez típicos da musculaura, quantidades diferentes de gordura que deslizam entre as camadas de pele e músculo... então como os tremidos podem acontecer iguais em corpos absolutamente diferentes?
Se você quer ter um norte para a energia e tamanho dos seus tremidos, jamais escolha o corpo de outra pessoa para se comparar. Use a música pra te guiar. A música deve ser o guia que nós, bailarinas, sempre devemos ter para alinhar e sintonizar nossos movimentos. E com os tremidos não é diferente!
Resolvi resumir todo esse meu processo de busca pelo relaxamento e fluidez dos meus tremidos também numa pequena série de vídeos. São 3 fases, cada uma delas dividida em duas partes: 1) Técnica (drill) e 2) Improvisação.
Movimentos explorados: - Batida lateral + tremido - Batida lateral + meia ponta + tremido - Soldadinho + meia ponta + tremido - Desencaixe + meia ponta + deslocamento + tremido | | |
| Movimentos explorados: - Deslocamento frente e trás + tremido (variações pé inteiro e meia ponta) - Redondo médio + tremido (variações pé inteiro e meia ponta) - Ondulação + meia ponta + tremido - Encaixe rápido | |
| | Movimentos explorados: - Trabalhando variações de troca de peso e velocidade sobre o encaixe e desencaixe da bacia |
Um bj
Elis