A minha reflexão de hoje parte desses assunto tão atual, para refletirmos a respeito dos comportamentos inconscientes, etiqueta, ética e bom senso em sala de aula, tanto para professoras como para alunas.
O telefone celular parece ter se transformando quase numa extensão do nosso corpo. Por ele resolvemos a nossa vida - amorosa, financeira, de trabalho, etc. Mas será realmente impossível deixar essa "maravilha" distante de nossa vida pelo tempo de duração da aula ou workshop de dança? Trazer o telefone para a sala de aula, ficar checando compulsivamente a existência de mensagens, até o cúmulo de atender à chamadas em plena aula são comportamentos que, apesar de fazerem parte do senso comum da maioria de nós, como sinais claros de falta de educação e de "se mancol", estão cada vez mais irresistíveis na vida diária.
Nos últimos anos tenho reparado nas pessoas chegando mais e mais esgotadas e desconcentradas para fazer aulas (principalmente nos períodos da noite durante a semana). O cansaço, dispersão e falta de foco das alunas se revelam das mais diferentes formas na rotina das aulas. Dentre as mais óbvias, posso citar:
- Checar constantemente o celular
- Não parar de falar
- Desistir do exercício/movimento rapidamente dizendo não ser capaz de executá-lo
- Incapacidade de seguir o ritmo pré-estabelecido para o exercício
- Perda constante das troca do exercício/movimento entre direita e esquerda
- Agitação corporal (conceiras e vermelhidão na pele, mudança repentina de humor)
- Queda no tônus e nível de energia (desânimo repentino)
- Tendência a querer "corrigir" as colegas, e dar opinião sobre o movimento do outro sem ter sido perguntada
É claro que muitos dos comportamentos elencados acima não tem ligação exclusiva com a falta de concentração. Existem muitas outras variáveis para cada caso, que possam contribuir para tais comportamentos - dificuldades específicas de aprendizado, lesões/condições de saúde, real falta de identificação com a didática da professora, dentre outros.
Porém, dentro da minha experiência, observo que a falta do hábito de se concentrar, de fato, para executar atividades do dia-a-dia, aliado ao cansaço extremo e stress emocional que são tão comuns no nosso atual estilo de vida, impedem que o aprendizado da dança seja mais produtivo e de maior qualidade.
Se nessa vida "tudo é pra ontem", assumimos cada vez mais responsabilidades numa rotina mais e mais apertada de tarefas a serem compridas. Se o tempo é curto, difícilmente colocaremos grande energia, esmero e concentração para a execução de todas as tarefas. Passamos o dia correndo atrás do tempo, não prestando a atenção devida à absolutamente nada. |
Sendo assim, cabe à nós, professoras, fazermos esse exercício de auto-percepção em relação às nossas próprias "loucuras", para assim sermos capazes de detectar esses comportamentos inconscientes nas alunas, e assim auxiliá-las de maneira mais eficaz.
Como professora, atenção aos seu estado de presença, foco e concentração:
- Não fique checando seu celular. Isso é absurdo!
- Seja fiel aos horários e início e término das aulas
- Seja organizada nas suas tarefas. O comprometimento às atividades previamente combinadas com as alunas é super importante no processo de educação e construção da dança- Preste atenção às alunas de forma mais ampla. Observá-las desde o momento em que chegam à escola, pode lhe dar dicas preciosas sobre o seu comportamento em sala de aula
- Cuidado com "Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço"... hum... Não preciso nem comentar, né?
- Não fique conversando durante o alongamento/aquecimento. Essas partes exigem atenção e comprometimento tanto quanto o momento de dança etécnica
- Cuidado com as músicas muito altas na rotina de aula e uso cada vez mais presente do tom de voz "gritado". Esse cenário caótico definitivamente não propiciaconcentração
- Na eventualidade de você ter que se ausentar da sala de aula por algum motivo (usar o banheiro, tomar um remédio... whatever), não "largue as alunas dançando sozinhas". Acho mais prudente sugerir um pequeno intervalo.
Enfim, acredito que temos de ter esse olhar atento para nós mesmas, para que o constante exercício nos deixe mais sensíveis e ágeis na observação para um outro corpo que dança.
Menos celular. Menos conversa. Não às Interrupções e distrações inúteis. Menos foco na quantidade. Abaixo ao modelo cópia/repetição.
Mais concentração. Mais qualidade no estado de presença. Muita atenção e dedicação. Que tal respirar? Ouvir a musica com cuidado, ao invés de apenas seguir a música? Mais cuidado, carinho e respeito.
Que assim seja!
Um bj enorme
Elis